A EXPLORAÇÃO DA VAIDADE
Freqüentemente temos dito que o Espiritismo interessa-se por tudo que diz respeito à humanidade e ao Universo, pois, sendo ciência, filosofia e religião, não pode alhear-se à coisa alguma; tudo deve ser objeto de estudo.
Eis porque gostamos de meditar sobre as atividades humanas, e lastimamos que a falta de conhecimento da Doutrina Espírita, induza os homens a transviarem-se pelos ínvios caminhos do erro.
Atravessamos uma crise financeira sem precedentes, e por que não dizer também econômica, se o nosso patrimônio não tem base sólida? Por todos os lados aparecem teorias, sistemas, sugestões, planos, desde os mais simplistas até os mais complexos e absurdos. Entretanto ainda que fossem experimentados todos, cada um num dado tempo, julgamos que tudo seria baldado. Em primeiro lugar o nosso mundo é de expiação e sofrimentos, reparações e resgates, e assim, como obra divina, não poderá o homem transformá-lo fazendo desaparecer da Terra toda miséria e toda dor. Poderá sim, o homem, num esforço hercúleo conseguir estabelecer a Fraternidade Universal, a única coisa capaz de contribuir para uns amenizarem, nos outros, as desventuras e as dores físicas e morais.
Para alcançar esse objetivo é necessário espiritualizar a Terra. Quando um sonhador fala nisso, os sorrisos de mofa surgem nas faces dos cépticos, felizardos do mundo, soberbos pelas riquezas e posição social, envaidecidos pela ciência adquirida.
Poucos, talvez, têm se apercebido de que as crises econômicas e financeiras são originadas por múltiplas causas, tanto de ordem material, como de ordem moral ou espiritual. Elas conjugam-se de modo tal, que, a solução desses problemas sociais só tem lugar com a eliminação simultânea das mesmas. A supressão de uma só causa ___ pode por vezes agravar até a situação.
Quem já teve a curiosidade de estacionar diante das vitrinas das casas comerciais, não para assombrar-se com a elevação vertiginosa dos preços das mercadorias, nem para extasiar-se ante o apuro do luxo, o requinte de arte e o gosto da época, mas, simplesmente para observar a exploração da vaidade humana?
Eis um dos fatores de preponderância da crise que nos asfixia!!
Numa vitrina de uma sapataria contamos mais de quarenta modelos diferentes, noutra mais de sessenta, de calçados para homens!! Só para homens!! Pois os de senhoras, eram muito mais elevados!!!
As fábricas do Brasil, são em sua maioria, de instalação arcaica e produção empírica. As máquinas são antigas, de muitos anos atras, defeituosas e deficientes para satisfazer as necessidades da época atual. Não temos como na América do Norte, estabelecimentos para produção em série, aos milhares, em condições de apresentar os produtos ao alcance de todas as bolsas, e acima de tudo de ótima qualidade.
Com a variedade de modelos, tão grande como observamos, torna-se evidente que, cada fábrica precisa de um numeroso corpo de operários, selecionados, para fazer-se todo o serviço à mão, visto como não há máquinas para produção de calçados de feitios diferentes ao mesmo tempo.
Nas lojas de ótica, óculos de toda qualidade e espécie, nos quais a originalidade suplanta o interesse da defesa dos órgãos visuais, os aros e vidros afastam-se da sua verdadeira finalidade e necessidade, sem que a classe médica apresente qualquer protesto.
Basta! Para que mais citações se o leitor poderá também fazer o mesmo? Observar. Que significa isso tudo senão a vaidade se apossando da humanidade como uma doença contagiosa?
Mas... dirão os nossos confrades, que tem o Espiritismo com isso. E nós perguntamos: Serão por ventura os espíritas entes a parte da humanidade? Não estaremos também no meio do povo que se comprime nas ruas em busca de alimentos, de vestuário? Não sofremos também os efeitos dos desequilíbrios sociais? Então, cumpre-nos estudar também e procurar uma solução.
Os proprietários de fábricas, lojas e casas comerciais, não deixarão de explorar o povo por causa de leis de emergência e opressoras, mas sim por efeito do conhecimento e aplicação das leis Divinas que são inflexíveis.
Os espíritas precisam interessar-se por todos os assuntos humanos, contribuindo para a divulgação dos ensinos dos espíritos, por todos os homens, afim de, pela educação moral levar os exploradores a modificarem a sua conduta. É preciso demonstrar aos homens quanto vale a estultícia da vaidade, o ridículo do homem que aprimora o gosto num sapato e conserva a cabeça oca de bons princípios. Os calçados de hoje não tem o necessário para um andar cômodo, para o conforto desejado, são pesados, grosseiros e o material de dois pares, talvez fosse suficiente para um terceiro. Há muita gente de sentimentos fátuos que deseja usar somente aquilo que não e comum, para se destacar dos seus semelhantes.
O valor do homem não é dado pela roupa, mas por ela poderemos descobrir o caráter do seu portador. Quanto mais vaidade, mais luxo e mais pedantismo, maior é a inferioridade do homem, quer no saber, quer no moral.
O espiritismo precisa por meio de seus adeptos advertir todos os neófitos, e mesmo alguns já antigos das nossas fileiras, dos perigos das tentações do mundo, o da necessidade que temos de modificar todos os nossos hábitos. Devemos ser sóbrios, simples, humildes, sinceros, desprovidos de apegos ao mundanismo e cheios de aspirações de felicidade espiritual.
A vaidade humana é uma das causas das crises econômicas e financeiras do mundo. Sem ela, o luxo seria reprimido naturalmente, e em vez de exibições haveria mais interesse no bem estar individual e coletivo. A sua extinção não se consegue com leis repressivas, mas com uma religião, ciência, e essa é o Espiritismo.
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