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sábado, 31 de março de 2012

Presença espiritual


Presença espiritual
Quem está habituado a enfrentar águas traiçoeiras sabe o quanto é importante o brilho do farol para apontar o rumo seguro.
Sherry Hogan conta que o seu farol era o lenço de seu pai. Ele não dava importância às iniciais bordadas ou aos tecidos caros. Gostava mesmo de lenços de algodão branco simples.
Sempre à mão, o lenço de seu pai servia para limpar os desastres ocasionados pelos picolés derretidos da criançada, no banco traseiro do carro.
Serviu para enfaixar o ferimento do gatinho favorito de Sherry, depois de um desagradável encontro do bichano com o cachorro do vizinho.
Na adolescência, mais de uma vez o lenço serviu para secar as lágrimas de Sherry. Quando, aos vinte anos, ela foi se despedir do pai, antes de partir para a Europa, começou a chorar, tomada de pânico.
O quadrado de algodão tão familiar serviu para lhe secar as lágrimas, enquanto a voz grave do pai a incentivava a confiar e partir.
Três anos depois, em seu retorno, a primeira visão que teve ao chegar ao aeroporto, foi do lenço branco do pai acenando para ela acima das cabeças da multidão.
No natal de 1997, seu pai estava muito doente. O câncer lhe tomara quase todo o corpo. Sabendo que ele partiria a qualquer momento, Sherry foi comprar lenços lindos, de linho, bordados. Naturalmente, também comprou uns de algodão, por preço bem popular.
Ele abriu cada um dos pacotes. Colocou de lado os elegantes lenços bordados, escolheu um baratinho e falou: Só usarei os caros em ocasiões muito importantes.
A filha abraçou o pai, como a se despedir: Você sempre esteve presente quando precisei, pai. - Foi o que falou, emocionada.
Ele respondeu: E sempre vou estar. Só que de um jeito diferente. Confie em mim.
Dez dias depois ele partiu. Sherry passou a sentir muito a falta dele.
Dois meses depois, ela se sentia desanimada, triste. Sabia que ele estava em um lugar melhor, mas precisava do abraço dele.
Fale com ele, disse-lhe sua irmã.
Chorosa, saudosa, ela começou a falar, andando pela sala: Ah, papai. Sei que você está em um lugar melhor. Acredito nisso especialmente graças a você. Mas sinto tanto sua falta. Eu só queria saber se você está bem.
O silêncio foi a resposta. Ela começou a soluçar alto. Podia sentir a tristeza lhe percorrendo o corpo todo.
Foi então que ela viu, pelo canto do olho: um grande quadrado branco debaixo da cadeira de seu pai.
Era um dos lenços novos bordados. Como ele tinha ido parar ali? Ela limpava a sala todas as manhãs. De onde ele poderia ter saído?
Palavras de seu pai lhe vieram à mente: Só usarei os lenços caros em ocasiões muito importantes.
Sherry entendeu. Seu pai lhe mandara a resposta: Querida, estou bem. Cheguei em casa.
Os amores que se vão continuam a nos amar, não importando o tempo.
Zelosos, prosseguem velando por nós e, de forma sutil, se fazem presentes em nossas vidas.
Pelos fios invisíveis da oração, é possível sentir-lhes o carinho e a mansidão da voz dizendo que chegaram bem, que nos aguardarão no tempo, pacientemente, para o delicado reencontro.
 Seleções Reader´s Digest, de setembro de 2000.

sexta-feira, 30 de março de 2012

A EXPLORAÇÃO DA VAIDADE


A EXPLORAÇÃO DA VAIDADE


            Freqüentemente temos dito que o Espiritismo interessa-se por tudo que diz respeito à humanidade e ao Universo, pois, sendo ciência, filosofia e religião, não pode alhear-se à coisa alguma; tudo deve ser objeto de estudo.
            Eis porque gostamos de meditar sobre as atividades humanas, e lastimamos que a falta de conhecimento da Doutrina Espírita, induza os homens a transviarem-se pelos ínvios caminhos do erro.
            Atravessamos uma crise financeira sem precedentes, e por que não dizer também econômica, se o nosso patrimônio não tem base sólida?   Por todos os lados aparecem teorias, sistemas, sugestões, planos, desde os mais simplistas até os mais complexos e absurdos. Entretanto ainda que fossem experimentados todos, cada um num dado tempo, julgamos que tudo seria baldado.  Em primeiro lugar o nosso mundo é de expiação e sofrimentos, reparações e resgates, e assim, como obra divina, não poderá o homem transformá-lo fazendo desaparecer da Terra toda miséria e toda dor. Poderá sim, o homem, num esforço hercúleo conseguir estabelecer a Fraternidade Universal, a única coisa capaz de contribuir para uns amenizarem,  nos outros, as desventuras e as dores físicas e morais.
            Para alcançar esse objetivo é necessário espiritualizar a Terra. Quando um sonhador fala nisso, os sorrisos de mofa surgem nas faces dos cépticos, felizardos do mundo, soberbos pelas riquezas e posição social, envaidecidos pela ciência adquirida.
            Poucos, talvez, têm se apercebido de que as crises econômicas e financeiras são originadas por múltiplas causas, tanto de ordem material, como de ordem moral ou espiritual. Elas conjugam-se de modo tal, que, a solução desses problemas sociais só tem lugar com a eliminação simultânea das mesmas. A supressão de uma só causa  ___ pode por vezes agravar até a situação.
            Quem já teve a curiosidade de estacionar diante das vitrinas das casas comerciais, não para assombrar-se com a elevação vertiginosa dos preços das mercadorias, nem para extasiar-se ante o apuro do luxo, o requinte de arte e o gosto da época, mas, simplesmente para observar a exploração da vaidade humana?
            Eis um dos fatores de preponderância da crise que nos asfixia!!
            Numa vitrina de uma sapataria contamos mais de quarenta modelos diferentes, noutra mais de sessenta, de calçados para homens!!  Só para homens!!  Pois os de senhoras, eram muito mais elevados!!!
            As fábricas do Brasil, são em sua maioria, de instalação arcaica e produção empírica. As máquinas são antigas, de muitos anos atras, defeituosas e deficientes para satisfazer as necessidades da época atual. Não temos como na América do Norte, estabelecimentos para produção em série, aos milhares, em condições de apresentar os produtos ao alcance de todas as bolsas, e acima de tudo de ótima qualidade.
            Com a variedade de modelos, tão grande como observamos, torna-se evidente que, cada fábrica precisa de um numeroso corpo de operários, selecionados, para fazer-se todo o serviço à mão, visto como não há máquinas para produção de calçados de feitios diferentes ao mesmo tempo.
            Nas lojas de ótica, óculos de toda qualidade e espécie, nos quais a originalidade suplanta o interesse da defesa dos órgãos visuais, os aros e vidros afastam-se da sua verdadeira finalidade e necessidade, sem que a classe médica apresente qualquer protesto.
            Basta! Para que mais citações se o leitor poderá também fazer o mesmo?  Observar.  Que significa isso tudo senão a vaidade se apossando da humanidade como uma doença contagiosa?
            Mas...  dirão os nossos confrades, que tem o Espiritismo com isso.  E nós perguntamos:  Serão por ventura os espíritas entes a parte da humanidade?  Não estaremos também no meio do povo que se comprime nas ruas em busca de alimentos, de vestuário?  Não sofremos também os efeitos dos desequilíbrios sociais?  Então, cumpre-nos estudar também e procurar uma solução.
            Os proprietários de fábricas, lojas e casas comerciais, não deixarão de explorar o povo por causa de leis de emergência e opressoras, mas sim por efeito do conhecimento e aplicação das leis Divinas que são inflexíveis.
            Os espíritas precisam interessar-se por todos os assuntos humanos, contribuindo para a divulgação dos ensinos dos espíritos, por todos os homens, afim de,  pela educação moral levar os exploradores a modificarem a sua conduta.  É preciso demonstrar aos homens quanto vale a estultícia da vaidade, o ridículo do homem que aprimora o gosto num sapato e conserva a cabeça oca de bons princípios. Os calçados de hoje não tem o necessário para um andar cômodo, para o conforto desejado, são pesados, grosseiros e o material de dois pares, talvez fosse suficiente para um terceiro. Há muita gente de sentimentos fátuos que deseja usar somente aquilo que não e comum, para se destacar dos seus semelhantes.
            O valor do homem não é dado pela roupa, mas por ela poderemos descobrir o caráter do seu portador. Quanto mais vaidade, mais luxo e mais pedantismo, maior é a inferioridade do homem, quer no saber, quer no moral.
            O espiritismo precisa por meio de seus adeptos advertir todos os neófitos, e mesmo alguns já antigos das nossas fileiras, dos perigos das tentações do mundo, o da necessidade que temos de modificar todos os nossos hábitos. Devemos ser sóbrios, simples, humildes, sinceros, desprovidos de apegos ao mundanismo e cheios de aspirações de felicidade espiritual.
            A vaidade humana é uma das causas das crises econômicas e financeiras do mundo. Sem ela, o luxo seria reprimido naturalmente, e em vez de exibições haveria mais interesse no bem estar individual e coletivo.  A sua extinção não se consegue com leis repressivas, mas com uma religião, ciência, e essa é o Espiritismo. 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Amizade verdadeira


Amizade verdadeira

 
Você tem amigos?
Se ainda não os tem, não perca tempo. Comece hoje mesmo a conquistar amizades verdadeiras, pois a amizade é um tesouro sem o qual a vida na Terra não teria sentido.
É uma força capaz de suavizar até mesmo os momentos mais difíceis na vida das pessoas, como os da guerra, por exemplo.
Há muitas histórias comoventes a respeito de grandes amizades e a que vamos narrar é uma delas.
Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou permissão para ir buscar um amigo que não voltara do campo de batalha.
Permissão negada, respondeu o sargento.
Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em apuros, ignorou a proibição e foi à sua procura.
Algum tempo depois retornou, mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo nos braços.
O seu superior estava furioso e o repreendeu:
Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria inútil! Agora eu perdi dois homens ao invés de um.
Diga-me: valeu a pena ir lá para trazer um cadáver?
E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu:
Claro que sim, senhor! Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e pôde me dizer:" Tinha certeza que você viria!"
Histórias como esta se repetirão, com outras tonalidades, enquanto existir amizade na face da Terra.
Quantos são aqueles que se dedicam, sem cobrança, a cuidar de amigos enfermos, amigos em dificuldades, amigos rebeldes.
Por tudo isso é que a amizade tem sido comparada a um tesouro de valor incalculável, pois não se compra, nem se vende, simplesmente se conquista.
E a verdadeira amizade é aquela que aceita a pessoa amiga como ela é, e não tenta moldá-la como gostaria que fosse.
A amizade respeita, compreende, perdoa, apoia, defende, enaltece.
Muitas pessoas confundem a amizade com cumplicidade interesseira, mas a amizade não é assim.
O verdadeiro amigo sabe dizer sim e sabe dizer não quando é preciso, mesmo que não seja bem compreendido.
Em nome da amizade, não se deve fazer tudo o que o amigo faz ou apoiá-lo em tudo. Isso é tolice.
A amizade fiel não é conivente com os equívocos, mas está sempre alerta para socorrer quando necessário.
Enfim, o amigo é aquele que não apenas enxuga as nossas lágrimas, mas faz de tudo para não deixá-las cair.
O maior exemplo de amizade que passou sobre a Terra chama-se Jesus Cristo.
Ele, um Poeta dos mundos celestes, fez-se Cantor para que a Sua sublime voz fosse escutada neste minúsculo planeta.
Príncipe dos espaços siderais, tornou-se Súdito humilde para Se aproximar dos corações sofredores.
Senhor das estrelas, converteu-se em servo para ensinar a humildade.
Nobre de origem celeste, transformou-Se em escravo por amor aos amigos-irmãos degredados na Terra.
Grandioso, hoje como ontem, é o amanhã dos que choram, sofrem, aguardam e amam.
Sua veneranda Presença paira dominadora sobre a Humanidade, que nEle encontra alento para suas dores e forças para prosseguir na escalada para Deus.
Jesus é a síntese histórica da grandeza, da perfeição, da sabedoria e, mais do que nunca, da amizade...

quarta-feira, 28 de março de 2012

CARTA DO IRMÃO MAIS VELHO


CARTA  DO  IRMÃO  MAIS  VELHO

Emmanuel

Ajuda ao teu filho, enquanto é tempo.
A existência na Terra é a Vinha de Jesus, em que nascemos e renascemos.
Quantos olvidam seus filhinhos, a pretexto de auxilio ao próximo, e acabam por fardos pesados a toda gente!
Quantos se dizem portadores da caridade para o mundo e relegam o lar ao desespero e ao abandono.....
Não convertas o companheirinho inexperiente em ornamento inútil, na galeria da vaidade, nem lhe armes um cárcere no egoísmo, arrebatando-o à realidade, dentro da qual deve marchar em companhia de todos.
Dá-lhe, sempre que possível, a bênção dos recursos acadêmicos; contudo, antes disso, abre-lhe os tesouros da alma, para que não se iluda com as fantasias da inteligência quando procura agir sem Deus.
Ensina-lhe a lição do trabalho, preparando-o simultaneamente na arte de ser útil, a fim de que não se transforme em alimária inconsciente.
Os pais são os ourives da beleza interior.
O buril do exemplo e a lâmpada sublime da bondade são os divinos instrumentos de tua obra.
Não imponhas à formação juvenil os ídolos do dinheiro e da força.
A bolsa farta de moedas, na alma vazia de educação, é roteiro seguro para a morte dos valores espirituais. O poder, sem amor, gera fantoches que a verdade destrói no momento preciso.
Garante a infância e a juventude para a vida honrada e pacifica.
Que seria do celeiro se o lavrador não preservasse a semente?
Quem despreza o grelo frágil é indigno do fruto.
Fase de teu filho o melhor amigo, se desejas um continuador para os teus ideais.
Que será de ti se depois de tua passagem pela carne não houver um cântico singelo de agradecimento endereçado ao teu espírito, por par­te daqueles que deves amar? Que recolherás na seara da vida, se não plantares o carinho e o respeito, a harmonia e a solidariedade, nem mesmo no pequenino canteiro doméstico?
Não reproves a esmo. A tua segurança de hoje lança raízes na tolerância de teu pai e na doçura das mãos enrugadas e ternas de tua mãe.
Esquece a cartilha escura da violência. Que seria de ti sem a paciência de algum velho amigo ou de algum mestre esquecido que te ensinaram a caminhar?
O destino é um campo restituindo invariavelmente o que recebe.
Ama teu filho e fase dele o teu confidente e companheiro. E quanto puderes, com o teu entendimento e com o teu coração, ajuda-o, cada dia, para que te não falte a visão consoladora da noite estrelada na hora do teu repouso e para que te glorifiques, em plena luz, no instante bendito do sublime despertar.

terça-feira, 27 de março de 2012

A ALMA


A  ALMA
  Léon Denis

     A alma vem de Deus; é, em nós, o princípio da inteligência e da vida. Essência, misteriosa, escapa à análise, como tudo quanto dimana do Absoluto. Criada por amor, criada para amar, tão mesquinha que pode ser encerrada numa forma acanhada e frágil, tão grande que, com um impulso do seu pensamento, abrange o Infinito, a alma é uma partícula da essência divina projetada no mundo material.
     Desde a hora em que caiu na matéria, qual foi o caminho que seguiu para remontar até ao ponto atual da sua carreira? Precisou passar vias escuras, revestir formas, animar organismos que deixava ao sair de cada existência, como se faz com um vestuário inútil. Todos estes corpos de carne pereceram, o sopro dos destinos dispersou-lhes as cinzas, mas a alma persiste e permanece na sua perpetuidade, prossegue sua marcha ascendente, percorre as inumeráveis estações da sua viagem e dirige-se para um fim grande e apetecível, um fim que é a perfeição.
     A alma contém, no estado virtual, todos os germens dos seus desenvolvimentos futuros. É destinada a conhecer, adquirir e possuir tudo. Como, pois, poderia ela conseguir tudo isso numa única existência? A vida é curta e longe está a perfeição! Poderia a alma, numa vida única, desenvolver o seu entendimento, esclarecer a razão, fortificar a consciência, assimilar todos os elementos da sabedoria, da santidade, do gênio? Para realizar os seus fins, tem de percorrer, no tempo e no espaço, um campo sem limites. É passando por inúmeras transformações, no fim de milhares de séculos, que o mineral grosseiro se converte em diamante puro, refratando mil cintilações. Sucede o mesmo com a alma humana.
     O objetivo da evolução, a razão de ser da vida não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente crêem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que, sem ele, ficaria retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa experiência. A sabedoria é o prêmio.
     Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, não tarda a ligar-se por laços pujantes às sociedades do Espaço e depois ao Ser Universal.
     Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua . Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas conseqüências nele recaem; mas, não pode desenvolver-se e medrar senão na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos. Quanto mais sobe, tanto mais se sente viver e sofrer em todos e por todos. Na necessidade de se elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram os seus irmãos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha.
     A Lei de justiça requer que, por sua vez, sejam emancipadas, libertadas da vida inferior todas as almas. Todo ser que chega à plenitude da consciência deve trabalhar para preparar aos seus irmãos uma vida suportável, um estado social que só comporte a soma de males inevitáveis. Esses males, necessários ao funcionamento da lei de educação geral, nunca deixarão de existir em nosso mundo, representam uma das condições da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; provoca o esforço e desenvolve a vontade; contribui para a ascensão dos seres impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. Como, sem a dor, havíamos de conhecer a alegria; sem a sombra, apreciar a luz; sem a privação, saborear o bem adquirido, a satisfação alcançada? Eis aqui a razão por que encontramos dificuldades de toda sorte em nós e em volta de nós.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A FORÇA DO AMOR


A  FORÇA  DO  AMOR
Vinícius
Incontestavelmente, o amor é a força por excelência, é o poder supremo. Nenhuma outra força existe capaz de se equiparar a do amor.
Mas, afinal, onde está e de que consta a forçado amor ?
Está na sua verdade, na sua singeleza, na sua perseverança, na sua espontaneidade, na sua paciência, na sua resignação, na sua longanimidade, na sua renúncia e no seu sacrifício.
Quando eu for levantado no madeiro, atrairei todos a mim, disse Jesus.
Sim, qual é esse que, penetrando a razão daquele sacrifício, não se prostra reverente aos pés da cruz redentora ?
Tal é a força do amor
Amar será um dever ? A gratidão - modalidade do amor - é dever, e dever sagrado; porém, amar, propriamente dito, não nos parece que seja dever, porque todo dever importa em obrigação, enquanto que o amor é alguma coisa semelhante a função respiratória.
Porque respiramos ? Porque é impossível viver sem ar. O amor está para as nossas almas, como o ar está para os nossos pulmões: é uma condição intrínseca e inseparável da vida.
Porque canta o rouxinol ? Porque as estrelas cintilam no azul do firmamento ?
O verdadeiro amor não tem 'porque', como disse acertadamente o Padre Vieira.

Victor Hugo diz que a mulher é invencível pelas lágrimas.
O ilustre poeta francês quis referir-se a força do amor, através da delicadeza, da sensibilidade feminina.
O poder do amor se revela na doçura. A sua inexpugnabilidade resulta exatamente dessa natureza que lhe é própria.
Quando o Evangelho prescreve a não resistência ao mal, quer, com isso, nos ensinar que o mal só se vence com o bem. Apela, portanto, para a força do amor, única capaz de dominar todos os males, sejam estes quais forem.
Contra a minha igreja, assegura Jesus, não prevalecerão as portas do Hades.
A invulnerabilidade da igreja cristã está no amor, base e fundamento em que ela se apoia e repousa.
Quando conhecerá a cristandade a verdade deste enunciado ?

sábado, 24 de março de 2012

O mundo está acabando


O mundo está acabando 

é novidade a previsão de que o mundo vai acabar. As culturas milenares ou doutrinas recentes, pregadores de hoje ou profetas do ontem se fizeram arautos do fim do mundo.
Alguns previram explosões e convulsões intensas avassalando imensas regiões.
Outros, imaginaram grandes asteróides se chocando com a Terra, convulsionando de tal forma a harmonia do planeta, que a vida humana se tornaria impossível, sendo destruída em sua totalidade.
Alguns fanáticos promoveram suicídios coletivos, antecipando a catástrofe que, imaginavam eles, se daria brevemente.
Não foram poucos aqueles que marcaram data, ano, na exatidão do calendário que se escoava e que teimava em não cumprir a previsão catastrófica.
Poucos, porém, se deram conta de que o mundo há muito tempo vem acabando.
Onde está o mundo onde as mulheres não tinham direitos sociais, eram proibidas de votar, não podiam frequentar a escola?
Esse mundo acabou, resistindo apenas em alguns rincões de ignorância e miséria moral.
Como falar, então, do mundo onde as cartas levavam meses para encontrar seu destino, onde as notícias eram poucas e raras, onde sabia-se de pouco e pouco se difundia?
Esse mundo também acabou, substituído por um mundo melhor, onde a tecnologia nos aproxima, nos beneficia, coloca luzes nos mais distantes lugares do mundo, minimizando as dores e dificuldades.
Analisando assim, é verdade que o mundo está acabando. Não da maneira violenta e definitiva como imaginavam tantos, nem tampouco de forma irreversível e avassaladora como pregaram outros.
É natural da evolução humana que o mundo vá se acabando, para que outro mundo se construa, na marcha inevitável do progresso e da melhora.
Mesmo a guerra, as grandes catástrofes naturais, os desastres são previstos nas leis de Deus para que o progresso ganhe marcha e a melhora se instale para todos.
Nesses dias de transição que ora passamos, é urgente que o mundo também se acabe.
Mas esse mundo que deve ser extinto é o mundo da violência que palpita dentro de nós.
Temos que ajudar a dar fim ao mundo de injustiça que, muitas vezes, permitimos que se dê sob os nossos olhos.
Devemos colaborar para o fim de um mundo de iniquidades, de desigualdades, de fome e miséria que ainda se estende por tanta parte e para tantos.
É verdadeiramente urgente que esse mundo todo se acabe. E que um novo mundo se inicie em nossa intimidade e, aos poucos, possamos colaborar para que nosso planeta ganhe outras paisagens e outros valores.
Só assim dia virá em que olharemos para esses dias que ora se passam e teremos a certeza de que o mundo acabou. E que no lugar dele, um mundo de paz, harmonia e justiça se instaurou, para nunca mais acabar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Sobre o Bem e o Mal



Sobre o Bem e o Mal 
O bem e o mal, dois pólos distintos que convivem na intimidade da alma. Um promana de Deus e o outro provêm exclusivamente do homem.
De Deus vem o bem, de Deus vem o amor, de Deus vem a esperança e as risonhas alegrias da vida.
Do homem, do lado sombrio de sua alma, vêm as paixões torpes e vis que se transformando em ação resultam no mal.
Deus não permite o mal, antes Ele incentiva o bem através das vozes que vêm do alto conclamar o homem a contínua ação do amor.
Todas a religiões da Terra conclamam o homem a praticar o bem, a praticar o amor.
As distorções que as criaturas fazem em torno das religiões, beneficiando os seus pontos de vistas pessoais ou coletivos, são provenientes do espírito do homem, exclusivamente.
Nós, os Espíritos, vos conclamamos a erradicar o mal dentro de vós. Erradicá–lo como se corta ou se arranca pela raiz a erva daninha que medra no campo.
Vós sois o campo fértil onde poderá medrar qualquer semente.
A semente do bem é planta delicada, que deve resistir as intempéries, as alterações climáticas, aos ardores do verão, ao frio do inverno.
O verão causticante que resseca a plantinha tenra é o sol das paixões ardentes.
O inverno frio que vem também secar esta plantinha é a insensibilidade, é a frieza do coração, indiferente ao bem do nosso próximo.
O mal, porém é a erva agreste resistente a tudo, que prolifera e se espalha com extrema rapidez.
Para a erva daninha tais intempéries servem de incentivo e produzem mais sementes e o mal viceja.
Aprendamos que de Deus nada de mal nos chega, mas dos homens sim, chegam todas as mazelas que fazem morada dentro dele.
Amados filhos, as vozes divinas, as vozes espirituais vos advertem: escolhei o bem em vossas vidas.
Vigiai e orai diz Jesus, para não cairdes em tentação, sabedor que Ele é desta inclinação milenar do nosso espírito para as coisas vis e vulgares, para porta larga da perdição. Estreita, diz Ele, é a porta da salvação.
Porque evidentemente para sermos bons, para promulgarmos o bem em nós mesmos e ao nosso derredor é preciso que arranquemos do nosso coração as ervas daninhas que crescem livremente.
É preciso que sejamos fortes para dizermos não às nossas paixões tão prazerosas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

TOLERÂNCIA E COERÊNCIA



Emmanuel

Compreender o desculpar sempre., porque todos necessitamos de compreensão e desculpa,.nas horas do desacerto,. mas observar a coerência para que os diques da tolerância, não se esbarrondem, corroídos pela displicência sistemática, patrocinando a desordem.
Disse Jesus: “amai os vossos inimigos.
E o Senhor ensinou-nos realmente a amá-los, através dos seus próprios exemplos de humildade sem servilismo e de lealdade sem arrogância.
Ele sabia que Judas, o discípulo incauto, bandeava-se, pouco a pouco, para a esfera dos adversários que lhe combatiam a mensagem renovadora.
A pretexto de amar os inimigos, ser-lhe-ia lícito afastá-lo da pequena comunidade, a fim de preservá-la, mas preferiu estender-lhe mãos fraternas, até a última crise de deserção, ensinando-nos o dever de auxiliar aos companheiros de tarefa, na prática do bem, enquanto isso se torne possível.
Não ignorava que os supervisores do Sinédrio lhe tramavam a perda...
A pretexto de amar os inimigos, poderia solicitar-lhes encontros cordiais para a discussão de política doméstica, promovendo recuos e concessões, de maneira a poupar complicações aos próprios amigos, mas preferiu suporta-lhes a perseguição gratuita, ensinando-nos que não se deve contender, em matéria de orientação espiritual, com pessoas cultas e conscientes, plenamente informadas quanto às obrigações que a responsabilidade do conhecimento superior preceita.
Certificara-se de que Pilatos, o juiz dúbio, agia, inconsiderado...
A pretexto de amar os inimigos, não lhe seria difícil recorrer à justiça de instância mais elevada, mas preferiu agüentar-lhe a sentença iníqua, ensinando-nos que a atitude de todos aqueles que procuram sinceramente a verdade não comporta evasivas.
Percebia, no sacrifício supremo, que a multidão se desvairava...
A pretexto de amar os inimigos, era perfeitamente cabível que alegasse a extensão dos serviços prestados, pedindo a comiseração pública, a fim de que não se lhe não golpeassem a obra nascente, mas preferiu silenciar e partir, invocando o perdão da Providência Divina para os próprios verdugos, ensiando-nos que é preciso abençoar os que nos firam e orar por eles, sem contudo, premiar-lhes a leviandade para que a leviandade não alegue crescimento com o nosso apoio.
Jesus entendeu a todos, beneficiou a todos, socorreu a todos e esclareceu a todos, demonstrando-nos que a caridade, expressando amor puro, é semelhante ao sol que abraça a todos, mas não transigiu com o mal.
Isso quer dizer que fora da caridade não há tolerância e que não há tolerância sem coerência.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Não podemos deixar quem já ferimos sofrer sozinhos


Não podemos deixar quem já ferimos sofrer sozinhos

Muitas vezes nos detemos a pensar: por que tanto sofrimento, por que tantas dores, por que somos nós alvos de tantas influências perniciosas?
Aquele que vive perguntando a Deus por que sofre, o por que da sua dor, se esquece de perguntar àqueles que o perseguem no plano espiritual, por que o fazem. Querem uma taça de mel e, no entanto, já ofereceram para os seus perseguidores uma taça de fel que eles tiveram de beber até a última gota.
Para se entender a obsessão é preciso entender o obsessor. É preciso avançar na dor, saber que se nós sofremos, nós também já provocamos muito pranto, muita dor e vamos responder por isso. Estamos, às vezes, em situações de responder por isso. Se a pessoa sofre inocente, tanto melhor, porque não há posição melhor do que a daquele que é vítima e não revida.
O obsessor, esse perseguidor implacável, nós o ferimos e ele cobra as marcas que traz do seu sofrimento. Por que, então, não levar para ele o precioso bálsamo da cura? Se não podemos mudar a situação, se esse situação é concreta e já existe, por que não levarmos o bálsamo da prece, reconhecendo que nós somos, realmente, culpados? A pessoa, na verdade, só se redime a partir do instante em que ela assume as suas responsabilidades perante os erros cometidos.
Por mais implacável que seja o perseguidor, se vocês, na dor pela quais passam, orarem por aqueles que os perseguem, eles serão envolvidos, pouco a pouco, por essa força benéfica. Olhando esse sentimento puro de renovação que existe dentro de vocês, eles não terão como não reconhecer que, realmente, suas dores foram minoradas. Pode ser que haja uma programação cármica de resgate, mas, naquele instante, o seu sofrimento passa a não doer tanto.
Por isso, é importante a prece. A prece é importante porque nos faz entrar em sintonia com o Plano Superior. A prece é importante porque nós nos sentimos, quando pedimos, seres pequenos diante de um ser grandioso e misericordioso que pode nos ajudar. A prece é importante porque aqueles que nos viram com os olhos da dor vão nos ver com os olhos do amor, daquele que, realmente, foi capaz de magoar, de ferir, mas que também reconhece dentro de si essas limitações e é capaz de aceitar as suas culpas e ajudar.
Eu que estou no plano espiritual, em contato permanente com a dor e em contato permanente com os terrenos e suas mazelas, eu digo para vocês: não existe maior alegria para as criaturas que nos feriram, que nos magoaram, que nos dilaceraram, do que sermos capazes de ver nelas, pessoas que realmente nos ajudaram. Nos ajudaram a ver que, realmente, a vida é necessária, exatamente por essa função que ela exerce, de disciplina, desprendimento, renúncia, dedicação. Agora, imaginem quando nós transferimos isso para alguém que nós ferimos, que nós abandonamos, que nós agravamos suas provas cármicas e sentirmos nesse abraço alentador, a cicatrização de muitas feridas!
Nós não podemos deixar aqueles que já ferimos numa vida, curarem seus ferimentos como os animais se curam, lambendo suas chagas. Temos que dar confiança, temos que dar segurança, temos que, realmente, desenvolver esse potencial de auto-estima, para que eles saibam que, também, são tão fortes como nós somos.
É preciso caminhar, e ninguém caminha para frente, em busca de horizontes, com alguém, na retaguarda, gritando culpas sobre a sua fronte, nem jogando cruzes sobre seus ombros.
Saibamos ver na vida uma benção, uma responsabilidade e, naqueles que nos cercam, um grande compromisso assumido com Deus, perante os homens e perante o nosso passado, para um futuro mais promissor! 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Cuidando do corpo


Somos as únicas criaturas na face da Terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos!
Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificadas por eles.
Um surto de depressão pode arrasar nosso sistema imunológico.
Apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente.
A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida.
A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse.
Nossas células estão constantemente processando as experiências e metabolizando-as, de acordo com nossos pontos de vista pessoais.
Quando nos deprimimos por causa da perda de um emprego, projetamos tristeza por toda parte no corpo. A produção de neurotransmissores, por parte do cérebro, se reduz. Baixa o nível de hormônios. O ciclo de sono é interrompido.
As plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos. Os receptores neuropeptídicos, na superfície externa das células da pele, se tornam distorcidos.
E, até nossas lágrimas passam a conter traços químicos diferentes das lágrimas de alegria.
Contudo, nosso perfil bioquímico é alterado, quando nos encontramos em nova posição.
A ansiedade por causa de um exame acaba passando, assim como a depressão por causa de um emprego perdido.
Assim, se desejamos saber como está nosso corpo hoje, basta que nos recordemos do que pensamos ontem.
Se desejamos saber como estará nosso corpo amanhã, será suficiente que examinemos nossos pensamentos hoje.
Abrir nosso coração para a  alegria, às coisas positivas é medida salutar. Se desejamos gozar de saúde física, principiemos a mudar nossa maneira de pensar.
Não foi por outro motivo que o Celeste Médico das nossas almas, conhecedor profundo de todas as leis que regem nosso planeta, foi pródigo em exortações como:
Não vos inquieteis, dizendo: "Que comeremos" ou "Que beberemos", ou "Que vestiremos"?
Pois estas coisas os gentios buscam. De fato, vosso Pai Celestial sabe que necessitais de todas estas coisas.
Portanto, não vos inquieteis com o amanhã, pois o amanhã se inquietará consigo mesmo! Basta a cada dia o seu mal. Com isso, recomendava que não nos deixássemos abraçar pela ansiedade.
E mais: Andai como filhos da luz.
Ora, os filhos da luz iluminam, vibram positivamente, porque luz tem a ver com tudo de bom.
Pensemos nisso e cultivemos saúde física. Afinal, necessitamos de um corpo saudável para bem atender os compromissos que nos cabem.
Que se diria de quem não cuidasse de seu instrumento de trabalho?